segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Trechos: Garota, Interrompida



Título original: Girl, Interrupted
Autor(a): Susanna Kaysen
Ano: 1993
Editora: Única
Páginas: 189


"As cicatrizes não têm personalidade. Não são como a pele da gente: não mostram a idade ou alguma doença, a polidez ou o bronzeamento. Não têm poros, pelos ou rugas. São uma espécia de fronha, que protege e esconde o que houver por baixo. Por isso as criamos, porque temos algo a esconder." (pág. 21/22)


"Na verdade, eu só queria matar uma parte de mim: a parte que queria se matar, que me arrastava para o dilema do suicídio e transformava cada janela, cada utensílio de cozinha e cada estação de metrô no ensaio de uma tragédia." (pág. 46)


"Minha ambição era negar. Fosse o mundo denso ou oco, ele só provocava minha negação. Quando era para estar acordada, eu dormia; se devia falar, me calava; quando um prazer se oferecia a mim, eu o evitava. Minha fome, minha sede, minha solidão, o tédio e o medo, tudo isso era, sempre, uma arma apontada para meu inimigo, o mundo. É claro que o mundo não estava nem aí para esses sentimentos, e eles me atormentavam, mas eu extraía uma satisfação mórbida do meu sofrimento. Ele confirmava minha existência. Toda a minha integridade parecia residir em dizer 'não'." (pág. 52/53)

Trechos: O Médico e o Monstro



Título original: The Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde
Autor(a): Robert Louis Stevenson
Ano: 1886
Editora: Martin Claret
Páginas: 56


"Sucederam-se transes da maior angústia: ranger dos ossos, náuseas mortais, e o tormento do espírito que está para nascer ou morrer. Depois, essas agonias tornaram-se subitamente menores e voltei a mim como quem convalesce de uma doença. Havia algo de novo nas minhas sensações, algo de novo e indescritível que, pelo seu ineditismo, era incrivelmente agradável. Sentia-me mais novo, mais leve, mais bem disposto, e experimentava, no meu íntimo, uma impetuosa ousadia; desenrolava-se, na minha fantasia, desordenadas imagens sensuais, vertiginosamente; desfaziam-se os vínculos morais e se mostrava agora uma liberdade da alma que, entretanto, não era inocente. Considerei-me, desde o primeiro sopro da minha nova existência, de ânimo mais perverso, dez vezes mais iníquo, reintegrado na maldade original; e esse pensamento, naquela hora, prendia-me e deliciava-me como um vinho." (pág. 211)


"Era preciso escolher entre os dois. As minhas duas naturezas possuíam memória comum, mas outras faculdades comportavam-se de forma desigual. Jekyll, o ser composto, às vezes com bastante apreensão, às vezes com um desejo impetuoso, projetava e compartilhava dos prazeres e das aventuras de Hyde. Mas Hyde era indiferente a Jekyll (...) Entregar a minha sorte na carcaça de Jekyll era estrangular todos esses apetites que eu havia secretamente acariciado durante tempos e de que começava agora a regular-me. Confinar-me no esqueleto de Hyde era morrer para milhares de aspirações e interesses espirituais e ficar, para sempre, tombado no opróbrio, sem uma única amizade. O negócio parecia desigual; mas havia ainda outra coisa a considerar no equilíbrio da balança: enquanto Jekyll sofreria pungentemente as torturas da abstinência, Hyde não teria consciência do que havia perdido." (pág. 215)

Trechos: Frankenstein ou o Prometeu Moderno





Título original: Frankenstein or The Modern Prometheus
Autor(a): Mary Shelley
Ano: 1818
Editora: Martin Claret
Páginas: 160


"Sinto o meu coração radiante de um entusiasmo que eleva ao céu, pois nada contribui tanto para tranquilizar a mente do que um objetivo firme: um ponto em que a alma possa cravar o seu olhar intelectual." (pág. 20)


"Ah, que alguma voz encorajadora possa responder pela afirmativa! Minha coragem e minha resolução são firmes, mas minhas esperanças são vacilantes, e meu ânimo muitas vezes se deprime." (pág. 21)


"Somos criaturas imperfeitas, incompletas se alguém mais sábio, melhor e mais caro do que nós mesmos - como um amigo deve ser - não nos ajudar a aperfeiçoar nossas débeis e defeituosas naturezas." (pág. 28)


"Apesar de abatido, ninguém pode sentir mais profundamente do que ele as belezas da natureza. O céu estrelado, o mar e cada uma das paisagens destas regiões maravilhosas parecem ter ainda o condão de elevar sua alma acima da terra. Um homem assim tem uma existência dupla: pode padecer a desgraça e ser cumulado de decepções mas, quando se retira para dentro de si mesmo, será como um espírito celestial que tem um halo ao seu redor, para dentro de cujo círculo nenhuma dor ou loucura ousa aventurar-se." (pág. 29)


"Morreu serenamente, e sua fisionomia até na morte exprimiu afeto. Não preciso descrever os sentimentos daqueles cujos mais queridos laços são desfeitos pelo mal mais irreparável, o vazio que toma conta da alma e o desespero que se exibe no rosto. É preciso tempo para a mente convencer-se de que tenha ido embora para sempre aquela pessoa que via todos os dias e cuja existência lhe parecia uma parte da sua própria - que o brilho dos olhos amados se tenha extinguido, e o som de uma voz tão familiar e querida aos ouvidos se tenha calado para sempre. São essas as reflexões dos primeiros dias; mas, quando o passar do tempo prova a realidade do mal, começa a verdadeira amargura do pesar. Mas de quem essa rude mão não desfez algum laço de afeto? E por que descreveria uma dor que todos já sentiram e têm de sentir? Chega por fim o tempo em que o pesar é mais uma indulgência do que uma necessidade; e o sorrido que brinca nos lábios, embora possa ser considerado um sacrilégio, não é expulso. (...) Temos de seguir caminho com os demais e aprender a nos considerar felizes por sermos aqueles que a saqueadora não capturou." (pág.40)


"Como é perigosa a aquisição de conhecimentos e como é mais feliz o homem que acredita que sua cidade natal é o mundo inteiro do que o que aspira a ir além do que a sua natureza lhe permite." (pág. 46)


"Os diversos acidentes da vida não são tão mutáveis como os sentimentos da natureza humana." (pág. 49)


"Chorem, infelizes, mas essas não são suas últimas lágrimas! Mais uma vez erguerão o lamento fúnebre, e o som de suas queixas se fará ouvir sempre novamente!" (pág. 72)


"Nada é mais doloroso para a mente humana do que, depois da exacerbação dos sentimentos por uma sucessão de fatos, a paz defunta da inação e da certeza que se segue e tira da alma a esperança e o medo." (pág. 73)


"We rest; a dream has power to poison sleep.
We rise; one wand'ring thought pollutes the day.
We feel, conceive, or reason; laugh or weep,
Embrace fond woe, or cast our cares away;
Is it the same: for, be it joy or sorrow,
The path of its departure still is free.
Man's yesterday may ne'er be like his morrow;
Nought may endure but mutability!"

"Descansamos; um sonho tem o poder de envenenar o sono.
Levantamo-nos; um pensamento vagabundo polui o dia.
Sentimos, concebemos ou raciocinamos; rimos ou choramos, 
Abraçamos a amorosa dor ou repelimos nossas preocupações;
É o mesmo: pois, seja alegria ou tristeza,
O caminho de saída continua livre,
O ontem do homem talvez nunca seja como o amanhã;
Nada persiste, salvo a mutabilidade!"
(Mutability, Mary Shelley)


"Espíritos vagabundos, se de fato vigiais e não repousais em vossos estreitos leitos, permite-me esta tímida felicidade ou levai-me como vosso companheiro para longe das alegrias da vida." (pág. 79)


"A vida, embora possa ser só um acúmulo de angústias, me é cara, e vou defendê-la! (...) Em toda parte vejo contentamento, do qual só eu estou irrevogavelmente excluído. Eu era benevolente e bom; a desgraça transformou-me num demônio. Faze-me feliz, e tornarei a ser virtuoso." (pág. 80)


"Seria o homem tão poderoso, tão virtuoso e magnífico, mas também tão mau e vil? Ora ele parecia um mero rebento do princípio do mal; ora tudo o que se pode imaginar de nobre e santo. Ser um grande homem, cheio de virtude, parecia a mais alta honra que um ser sensível possa alcançar; ser vil e mau, como muitos o foram na História, parecia a pior degradação, uma condição mais abjeta que a da cega toupeira ou do inofensivo verme. Por muito tempo, não conseguia entender como um homem podia conseguir chegar a matar seu semelhante ou mesmo por que havia leis e governos; mas, quando ouvi pormenores dos vícios e das carnificinas, minha admiração cessou, e eu me afastei com repulsa e pesar." (pág. 94)


"Que estranha é a natureza do conhecimento! Gruda-se à mente quando o adquirimos como o líquen à rocha. Às vezes desejava livrar-se de todos os pensamentos e sentimentos, mas aprendi que só havia um modo de superar a sensação de dor: a morte, um estado que eu temia, embora não entendesse." (pág. 94)


"Tudo, menos eu, estava em repouso ou em alegria; eu, como o arquidiabo, carregava um inferno dentro de mim e, vendo-me repudiado, queria arrancar as árvores, espalhar a ruína e destruição ao meu redor e então me sentar e gozar dos destroços." (pág. 105)


"As fadigas que suportei não seriam mais aliviadas pelo brilho do sol ou pela doce brisa da primavera; toda a alegria não passava de um escárnio que insultava a minha desolação e me fazia sentir mais doloridamente que eu não fora feito para o gozo do prazer." (pág. 109)


"Eu fora criado para a felicidade tranquila. Durante a juventude, a insatisfação nunca visitou a minha alma, e se às vezes o tédio tomava conta de mim, a vista do que é belo na natureza ou o estudo do que é excelente e sublime nas obras do homem sempre podiam interessar o meu coração e comunicar elasticidade ao meu ânimo. Mas sou uma árvore atingida pelo raio que penetrou na minha alma; e eu sentia então que devia sobreviver para mostrar o que logo deixarei de ser - um miserável espetáculo de humanidade destroçada, lamentável para os outros e intolerável para mim mesmo." (pág. 122)


"Mas ele descobriu que a vida do viajante tem muita dor misturada às alegrias. Seus sentimentos estão sempre no limite, e, quando começa a repousar, se vê obrigado a abandonar aquilo sobre o qual repousa em paz, em troca de algo novo, que chama a sua atenção e que ele também abandonara por outras novidades." (pág. 123)


"Como são mutáveis os nossos sentimentos, e como é estranho o teimoso amor à vida que temos até no cúmulo da desgraça!" (pág. 130)


"Meu coração foi feito para ser sensível ao amor e à compaixão e, quando a miséria o distorce para o mal e o ódio, não suporta a violência da mudança sem uma tortura que não podes sequer imaginar." (pág. 164)


"Não busco, porém, um companheiro que se compadeça da minha desgraça. Jamais poderei fazer com quem alguém participe dos meus sentimentos. Quando busquei isso pela primeira vez, o que gostaria de compartilhar era o amor da virtude, os sentimentos de felicidade e afeto de que todo o meu ser transbordava. Agora, porém, que essa virtude se tornou para mim uma sombra, e essa felicidade e esse afeto se transformaram num desespero amargo e abominável, em que buscaria eu simpatia? Contento-me em sofrer sozinho enquanto os sofrimentos ainda persistem; quando eu morrer, fico feliz em pensar que o ódio e o opróbrio preencherão a minha memória. Antigamente, a minha imaginação se regalava com sonhos de virtude, de fama e de alegria. Antes eu esperava falsamente encontrar pessoas que, perdoando a minha forma exterior, me amassem pelas excelentes qualidades que eu fosse capaz de revelar. Nutria altos ideais de honra e devoção. Hoje, porém, o crime me degradou abaixo do mais vil animal. Não há culpa, vileza, malignidade, miséria que possa comparar-se à minha. Quando percorro o aterrador catálogo dos meus pecados, não consigo acreditar que eu seja a mesma criatura cujos pensamentos eram repletos de sublimes e transcendentes visões de beleza e da majestade do bem. Mas assim é; o anjo caído torna-se um diabo maligno. No entanto, mesmo o inimigo de Deus e do homem tem amigos e companheiros em sua desolação; eu estou só." (pág. 165)

Trechos: Anjos e Demônios



Título original: Angels & Demons
Autor(a): Dan Brown
Ano: 2000
Editora: Arqueiro
Páginas: 474


"Todas as respostas algum dia foram espirituais. Desde o princípio dos tempos, a espiritualidade e a religião preencheram as lacunas que a ciência não compreendia. O nascer e o pôr do Sol eram outrora atribuídos a Helios e sua carruagem de fogo. Terremotos e maremotos deviam-se à ira de Poseidon. A ciência provou que esses deuses eram falsos ídolos. A ciência acabou fornecendo respostas para quase todas as perguntas que o homem pode fazer. Restam apenas algumas poucas, que são as esotéricas. De onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Qual o sentido da vida e do universo?" (pág. 31)


"Galileu era um Illuminatus. E também um católico fervoroso. Tentou abrandar a posição da Igreja com relação à ciência proclamando que a ciência não prejudicava a noção da existência de Deus mas, ao contrário, reforçava-a. Escreveu certa vez que, quando olhava os planetas girando através de seu telescópio, conseguia ouvir a voz de Deus na música das esferas. Sustentava que a ciência e a religião não eram inimigas e sim aliadas, duas linguagens diferentes que contavam a mesma história, uma história de simetria e equilíbrio: céu e inferno, noite e dia, quente e frio, Deus e Satã. Tanto a ciência quanto a religão exultavam com a simetria de Deus, o infindável confronto da luz e das trevas." (pág. 37/38)


"A maioria das pessoas imaginava que os cultos satânicos fossem rituais de adoração ao demônio e, no entanto, os satanistas eram homens historicamente instruídos que assumiam sua posição de adversários da Igreja. Shaitan. Os rumores sobre sacrifícios satânicos de animais, magia negra e rituais do pentagrama não passavam de mentiras disseminadas pela Igreja como parte de uma campanha de difamação contra seus inimigos. Ao longo do tempo, outros adversários da Igreja, querendo imitar os Illuminati, começaram a acreditar nessas mentiras e a praticar os supostos rituais. Dessa forma, nasceu o satanismo moderno." (pág. 41)


"Eliminar o catolicismo era o compromisso principal dos Illuminati. A fraternidade sustentava que os dogmas supersticiosos impostos pela Igreja eram os maiores inimigos da humanidade. Temia que o progresso científico cessasse de vez caso a Igreja continuasse a promover mitos piedosos como se fossem fatos absolutos, e que dessa forma a humanidade fosse condenada a um futuro sem perspectivas, com guerras santas sem o menor sentido." (pág. 42)


"Ter fé requer entrega, aceitação cerebral de milagres como a imaculada conceição e a intervenção divina. E existem ainda os códigos de conduta. A Bíblia, o Corão, as escrituras budistas, em todos há exigências semelhantes e personalidades semelhantes. Determinam que se eu não viver de acordo com certo código, irei para o inferno. Não consigo imaginar um Deus que governe dessa maneira." (pág. 98/99)


"A ciência pode ter aliviado o sofrimento das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprimentos de ondas e frequências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor próprio de seres humanos foi destruído. A ciência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico. Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, só nos divide. Cada um de nós está eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós. Somos bombardeados pela violência, pela divisão, pela desintegração e pela traição. O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido. Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem? Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada? A ciência procura respostas usando fetos não-nascidos como material de pesquisa. A ciência até se atreve a reorganizar nosso DNA. Despedaça o mundo de Deus em parcelas cada vez menores em busca de significados e só encontra mais perguntas." (pág. 315)


"A moral humana não avançava tão depressa quanto a ciência. A humanidade não era bastante evoluída espiritualmente para os poderes que possuía (...) E ainda assim ele sabia que a antimatéria não era nada - apenas mais uma arma no já copioso arsenal do homem. O homem ainda podia destruir. O homem aprendera a matar havia muito tempo." (pág. 435)


"Durante séculos, a Igreja se manteve impassível enquanto a ciência desmoralizava a religião pouco a pouco. Desmascarando milagres. Treinando a mente para superar o coração. Condenando a religião como o ópio das massas. Deus foi acusado de ser uma alucinação - um arrimo ilusório para os muito fracos, incapazes de aceitar que a vida não tem qualquer sentido. Eu não podia ficar parado enquanto a ciência se atrevia a captar o poder do próprio Deus! Você falou de prova? Sim, prova da ignorância da ciência! O que está errado em admitir que algo existe além de nossa compreensão? O dia em que a ciência comprovar a existência de Deus em um laboratório será o dia em que as pessoas não terão mais necessidade da fé!" (pág. 435/436)




segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Trechos: O Demonologista



Título original: The Demonologist
Autor(a): Andrew Pyper
Ano: 2015
Editora: Darkside Books
Páginas: 320
 
 
"A mente é onde eles habitam, e nela
Podemos fazer do inferno um paraíso,
do paraíso um inferno."
...
"The mind is its own, and it itself
Can make a heaven of hell, a hell of heaven."
(Paraíso Perdido, John Milton, pág. 23)


"Um especialista do nada. Um vácuo que anda e fala." (pág. 25)


"Ser errante implica uma ausência de propósito." (pág. 29)


"Algumas vezes as pessoas fecham a porta porque estão tentando encontrar uma maneira de fazer você bater nela." (pág. 43)


  • pág. 71 a 71: primeiro contato;
 
"Um grito de encorajamento dirigido a mim, também um forasteiro que buscava a vitória não pelo otimismo, mas pela negação. Decidi que iria dedicar-me a fazer a defesa desse personagem, desse Satã, como faria a mim mesmo, também caído, também solitário." (pág. 176)
 
 
"Platão, penso nisso agora, definia 'daimon' como 'sabedoria'. O poder demoníaco procede não do mal, mas do conhecimento das coisas." (pág. 177)
 
 
"No Velho Testamento, satãs (pois os registros da palavra vêm sempre no plural) são como guardas na Terra, colocando à prova a fé dos homens em sua capacidade de serem servidores devotos de Deus. Até no Novo Testamento, o próprio Satã é uma das criações de Deus, um anjo que se extraviou. Como? Pelo abuso da sabedoria. Não foi a partir da escuridão que o Anticristo se formou, mas a partir da inteligência. Presciência." (pág. 177)
 
 
"Erro por esse deserto sombrio, pois meu caminho
Jaz através de seu império espaçoso até a luz
Sozinho, e sem guia, meio perdido, eu busco."
...
"Wandering this darksome desert, as my way
Lies through your spacious empire up to light
Alone, and without guide, half lost, I seek..."
(John Milton)
 
 
"Mover-se assim, sem rumo, é o mais perto que os vivos podem chegar dos mortos (...) Despercebido e ausente como um fantasma." (pág. 95)
 
 
"Eis outra característica de um ser errante: emoções tão grandes que requerem superstições para explicá-las (...) O medo - da morte, da perda, de ser abandonado - é o gênese da crença no sobrenatural." (pág. 96)
 
 
"E não sinto quase nada (...) Mas 'ter saudade', 'estar de luto', admitir que se está de 'coração partido' são termos tão inadequados que beiram à ofensa. Não se trata de encontrar uma maneira de seguir em frente. Não se trata de ficar com raiva de Deus. Trata-se de morrer. De querer estar morto." (pág. 97)
 
 
"Como a verdadeira liberdade poderia ser. Sem regras, sem vergonha, sem amor para conter você. Liberdade como um vento frio pelos campos. Como estar morto. Como não ser nada (...) A liberdade de não ser absolutamente nada." (pág. 186)
 
 
"Pelo outro lado elevou-se Belial, em gesto mais gracioso e humano;
Ninguém tão belo parecia ter perdido o Paraíso;
Feito com tamanha dignidade e bravura:
Mas tudo era falso e vazio." (pág. 253)
 
 
"Todo bem para mim está perdido;
Mal, sejas tu o meu Bem."
...
"All good to me is lost;
Evil, be thou my Good." (pág. 308
 
 
"Acrescente ao teu conhecimento ações louváveis, acrescente a fé, a virtude e a paciência, a temperança, acrescente o amor, chamado no futuro caridade, alma de tudo o mais; então não te lastimarás de deixar este Paraíso, porque possuíras em ti mesmo um paraíso muito mais feliz." (John Milton)


Trechos: Sexta-Feira 13 [Arquivos de Crystal Lake]



Autor(a): David Grove
Ano: 2015
Editora: Darkside Books
Páginas: 320
 
 
"Nós criamos vínculos com os filmes que nos impressionaram quando éramos crianças. Então os assistimos novamente nos anos seguintes. Crescemos com ele. Eles são uma cápsula do tempo. Uma viagem pelos trilhos da memória."
Filmes sugeridos:
  • As Diabólicas (1955)
  • Aniversário Macabro (The Last House on the Left)
  • Black Christmas (Noite do Terror) 1974
  • Feliz Aniversário para Mim (1981)
  • A Morte Convida para Dançar (Prom Night) 1980
  • Perversa Paixão
  • A Mansão da Morte (Twitch of the Death Nerve) 1971
  • Desafio do Além
  • Amargo Pesadelo (Deliverance) 1972
  • The Children
  • Zombie - O Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead) 1979
  • Deathdream
  • Apocalypse Now 1979
  • Mensageiro da Morte (When a Stranger Calls)
  • Psicose
  • Chamas da Morte
  • O Trem do Terror
  • Martin 1978
  • A Marca da Maldade (A Touch of Evil) 1958
  • Abismo do Terror (Deepstar Six) 1989
  • Girls Nite Out 1984
  • O Terror da Serra Elétrica (Pieces) 1982
  • Don't Open Till Christmas 1984
  • Slaughter High 1986
  • Olhos Assassinos 1981
  • A Casa do Espanto (House)
  • A Stranger is Watching 1982
 
Mais trechos: 
  • pág. 69
  • pág. 141
  • pág. 232
  • pág. 270


Poesias: Deus Somos Nós



Autor(a): Tavinho Teixeira
Ano: 1998
Páginas: 98
 
 
"No que me diz homem
Oh deus, procuro o louco
Encontro o espelho
E viro sua imagem e semelhança."
(Low Profile)


"Peco por não querer a cadeira da frente pra assistir a vida passar
Peco por querer ir além da frente da cadeira.
Peco por ter medo de querer passar a vida inteira atrás da frente da vida que passa.
Peco por lembrar que peco.
Peço perdão porque nasci cristão.
E perco a noção do pecado quando lembro que o pecado é uma invenção."
(Cristão II)


"Ei mão que não pára de escrever,
lavradora das dores,
pensadora da terra, 
filósofa universal.
Atira a primeira pedra
contra o teu próprio caos."
(Mãos Turba Dor)


"Esse silêncio taciturno
Me faz pensar que deus existe
Essa mansidão benévola
Também acusa os sentidos."
(Sombra e Noite Fresca)


"Você diz que eu sou louco
E que não amo ninguém
Você não sabe o que diz
Baby, eu sou um aprendiz
Da loucura de quem ama
Da loucura de quem grita de prazer."
(Easy Rider)


"Tudo que escrevo, escrevo para mim mesmo
Eu sou meu único objeto de desejo
Eu sou a primeira pessoa do singular
Eu sou a minha própria cobaia particular.

No meu mundo, não cabe ninguém
A não ser a mim mesmo
No meu mundo, minha solidão me basta
E o meu tesão me arrasta pro espelho.

E no espelho eu vejo um deus
Desconfiado da semelhança
Entre o criador e a loucura
Negando créditos à criação."
(Egonauta)


"A ideia de deus
foi o que deu origem
À vertigem
Desse penso logo existo
Mas persisto na ideia
de que deus é um acalento
Pra ideia do que somos."


"Mas, às vezes, eu perco a esperança
E grito da janela sozinho,
Pedindo um bálsamo anti-solidão.
E se o meu aluguel com a vida está tão caro
E as águas das chuvas não lavam os meus dias,
nem dão amparo,
Disparo heresias,
Blasfemo a existência,
Chamo deus de lunático,
para ser mais enfático."
(Stormy Wheather)


"Já não vivo à procura de justificar aos amigos
A minha compreensão da loucura.
Amigos, pela última vez,
Eu não estou louco,
Eu sou louco.
E, entre o ser e o estar,
há uma lacuna profunda.
Ser louco é basicamente acreditar
nos trâmites oficiais da utopia.
Estar louco é precisar de ajuda psiquiátrica por não suportar essa crença."
(Janela Indiscreta)


"Há momentos em que duvido da minha solidão.
Meus sapatos são mais confortáveis que minha alma.
Minha alma não é tão supérflua, ora, meus sapatos também não.

Mas eu acredito nos homens...

Que rio navega no meu mundo?
Que vento sopra no meu destino?
Com que máscara eu saio hoje à noite?"


"De todas as viagens,
quero a sensação constante
do impulso da partida.
Quero a velocidade do instante
e o tempo que precede o alcance.
Não quero a chegada,
quero o durante.
Não quero o retorno,
quero a estrada,
que é a casa que em mim habita."
(Jet Lag)


"Você diz que é maravilhoso acordar
e dar bom dia ao azul do céu,
Mas é que, muitas vezes, acordo
Em marítimos escarcéus."
(Evo-é-lisa)


Trechos: Sacramento



Título original: Sacrament
Autor(a): Clive Barker
Ano: 1998
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 523
 
 
"O mundo é feito por muitos homens, mas moldado por poucos."
"Filosofia não pode ser ensinada, só pode ser inspirada."


"Vivos e mortos... nós alimentamos o fogo!"


"Para cada hora, seu mistério. Ao amanhecer, os enigmas da vida e da luz. Ao meio-dia, os mistérios da solidez. Às três, no zumbido e no calor do dia, uma luz fantasma, já alta. No crepúsculo, memória. E à meia-noite? Ah, então o enigma do próprio tempo; de um dia que nunca mais voltará entrando para a história enquanto dormimos."


"É verdade, não sei o que me fez. Mas fui feito, e feito com amor. E isso pode ser conhecimento suficiente para se viver em êxtase"


"Um com a terra abaixo,
Um com o céu acima,
Um com a semente que planto, 
Um com os corações que amo.

Faça terra de meu pó,
Faça ar de meu hálito,
Faça amor de meu desejo,
E vida de minha morte."


"Repudiar a máscara da emoção barata e encontrar um lugar mais puro, onde a realidade possa ser estudada e avaliada sem o preconceito do sentimento".


"Melhor, talvez, morrer em dúvida, sabendo que há uma revelação ainda por descobrir, do que perseguir e possuir uma certeza tão terrível."


"Um dia vamos simplesmente ficar sem coisas para queimar. E quando tudo estiver morto, uma escuridão tomará conta do mundo como nenhum de nós pode imaginar. Não será a escuridão da morte, pois a morte não é completa. A morte é um jogo com ossos."


Trechos: A Caldeira do Diabo



Título original: Peyton Place
Autor(a): Grace Metalious
Ano: 1956
Editora: Nova Cultural
Páginas: 414


"Como é fácil. Como é perigosamente fácil odiar uma pessoa pelas deficiências em nós mesmos."
"A tolerância pode chegar a um ponto onde não é mais tolerância. Quando isso acontece, a atitude aparentemente digna, da qual a maioria de nós se orgulha, degenera em fraqueza e aquiescência."


"Os mortos não fazem mal a ninguém. É dos vivos que se deve ter medo."


"A desesperança é uma velha inimiga, tão persistente e inevitável quanto a morte."


"Não comece nunca, mas devolva golpe por golpe e bata o mais e tão forte quanto possa. Porque na vida é bater ou apanhar."


"É preciso educar as pessoas para novas maneiras de pensar, e isso, às vezes, é um processo longo e demorado. Se você iniciar a coisa mal preparado, eles se voltarão contra você."


"O inverno é um tempo triste, tempo de morte e dissolução. Todas as coisas submissas, na melancólica espera pelas chuvas que por certo virão para cobrir os ossos expostos do defunto verão."


"É uma coisa lamentável quando não nos é dada a oportunidade de corrigir os nossos erros antes que seja demasiado tarde."


"Um triste fim para uma vida desperdiçada."


"Quanto mais se enterra, mais se aprende."


"Justiça! Nada de 'vingança sangrenta' como os judeus sempre alardeavam. Apenas a velha e sábia justiça dos fatos provados, sem o 'olho por olho', porque hoje em dia os julgamentos condenam à prisão, não à morte."


"O verânico de outono é como uma mulher: sazonada, arrebatado e ardente, mas inconstante. Chega e parte quando bem lhe apraz. Ninguém jamais sabendo exatamente se vai mesmo chegar ou por quanto tempo ficará."
 

Trechos: O Morro dos Ventos Uivantes



Título original: Wuthering Heights
Autor(a): Emily Brontë
Ano: 1847
Editora: Lua de Papel
Páginas: 292


"Esta vida é cruel para coisas que sintam ligações, pois essas ligações sempre são quebradas, mais cedo ou mais tarde. O amor pode ser flexível, mas a vida é quebradiça. Ele se despedaça, ele ruína, ele nos destrói; enquanto a Terra continua a girar, e o céu a escurecer e clarear como se nada tivesse acontecido."


"As pessoas orgulhosas forjam, elas mesmas, para si os mais tormentosos pesares."
"O sangue correu. A desgraça passou."


"Sua presença é um veneno moral capaz de contaminar as mais virtuosas criaturas."


"A traição e a violência são lanças de duas pontas. Ferem os que a ela recorrem mais gravemente do que a seus inimigos."


"Os rostos mais banais de homens e de mulheres, o meu próprio rosto, zombam de mim com a sua semelhança! O mundo inteiro é uma terrível coleção de testemunhos que me recordam que ele viveu e que eu o perdi!"


"A consciência lhe fizera do coração um inferno na Terra."


"Os sinos do Paraíso não têm vozes mais doce do que a tua."