quarta-feira, 11 de maio de 2016

RESENHA: O Circo Mecânico Tresaulti

                        


Título Original: Mechanique: A Tale of the Circus Tresaulti
Autor (a): Genevieve Valentine
Ano: 2016
Editora: Darkside Books
Páginas: 320

"Havia sempre lágrimas de alegria; um homem tão lindamente unido com uma máquina era algo que as pessoas precisam ver depois de uma guerra como a qual haviam passado. A tecnologia naquela época era armas e sinais de rádio; as pessoas precisam lembrar-se da arte da máquina." (pág. 20) 


    O Circo Mecânico Tresaulti é um livro de fantasia com elementos que caracterizam a distopia por se ambientar em um mundo pós-guerra. Os sobreviventes vivem em cidades massacradas e destruídas, sob comando de governos despreparados onde em sua maioria só estão no poder por terem resistido por mais tempo. 

   A primeira edição foi lançada em 2013, essa que estou lhes apresentando é uma edição limitada lançada esse ano. O livro conta com muitas ilustrações que, embora talvez não seja a intenção, me agradaram muito por ajudar a imaginar os personagens e os cenários e o responsável por elas é o Wesley Rodrigues.



"Os portões da cidade são de madeira coberta com folhas de metal, e quando se abrem eles se assemelham com as entranhas de seus artistas, que parecem todos despertos e vivos até se atingir o centro e perceber que não são pessoas de verdade, mas esqueletos de armadura com um humano ao redor." (pág. 164)
   
   Na história, temos como personagem principal a Boss, e como o próprio nome sugere, ela é a chefe do circo e foi após um bombardeio no teatro em que ela se encontrava e no qual se apresentaria em uma ópera, que ela escapa dos escombros e dá vida ao personagem Panadrome usando restos do corpo do maestro e qualquer ferramenta e restos de metal que ela encontrou em meio ao destroços. Esses dois personagens são tidos como os primeiros membros do circo que será conhecido pelos leitores, porque em um momento da trama, Boss afirma que o circo existe há muito tempo mas não é dito quando realmente se originou.
   A narrativa não segue padrões, sendo escrita em primeira, segunda e terceira pessoa. Geralmente o personagem Little George é quem narra os acontecimentos em primeira pessoa. Cada capítulo é uma surpresa, se um é no tempo presente não significa que o próximo siga a mesma linha e então nos deparamos com acontecimentos passados. Por esses motivos, a leitura é um verdadeiro desafio e por mais que o livro seja curto, requer atenção. Para que essa observação não seja tida como algo negativo, já vou adiantar que a história é leve, cativante e duvido muito que os leitores não se apaixonem logo nas primeiras páginas.
   São muitos os personagens, de início fiquei apreensiva de não lembrar de todos os nomes, mas a grande maioria têm suas personalidades e histórias descritas no decorrer da trama e até aqueles que nos parecem ranzinzas e malvados, nos conquistam em um momento, à exemplo disso posso citar a Elena. Pra justificar isso, basta dizer que todos eles buscaram o circo quando já não tinham esperanças de se manter na cidade, uns sofreram mais que outros, mas todos são sobreviventes da guerra e veem no circo uma chance de encontrar abrigo, alimento e talvez alegria em proporcionar momentos de diversão às pessoas que irão assistir aos espetáculos.

"Durante toda a vida, Ying supôs que Elena fosse naturalmente cruel. Perguntava-se agora se a crueldade simplesmente surgia quando o mundo estava desabando e não havia nada mais a fazer a não ser brigar." (pág. 236)


  "Nenhum de nós tem o coração voltado para a guerra." (pág. 132)
   Boss quem dá vida à maioria dos membros do circo. As trapezistas, por exemplo possuem ossos ocos para que fiquem mais leves ao se apresentarem. Jonah possui um pulmão mecânico porque chegou ao circo carregado por Ayar e morreria de um colapso no órgão se não fosse a intervenção de Boss. Ayar por sua vez possui engrenagens e um coluna quase indestrutível, sendo por esse motivo o membro mais forte do circo. Não dá pra descrever todos os personagens porque, como já disse anteriormente, são muitos e alguns um tanto complexos.
   O ponto alto da história é quando um homem do governo assiste ao espetáculo e leva Boss consigo junto aos seus soldados, deixando o restante do pessoal temendo que ela seja assassinada. Após esse acontecimento, os membros do circo se dividem entre quem fugirá para o mais longe possível da cidade para não ser apanhados e os que permanecem para resgatar Boss e Bird, a segunda personagem mais marcante da história na minha opinião, que no momento em que vê Boss sendo levada, tenta atacar o homem do governo e falha, levando um tiro no tornozelo e sendo carregada junto.
   Não acho que seria justo falar as motivações do homem do governo, mas a partir daí temos muita tensão, algumas intrigas e uma batalha no final que é digna de adaptação cinematográfica (sim, já estou sonhando com isso).




   Se ao final de 2016 esse livro estará na minha lista dos 10 melhores do ano, eu não sei dizer, já que só falando em relação a Darkside ainda teremos lançamentos incríveis para acompanhar. Mas que esse livro é incrível e que pode nos marcar por muito tempo, não há dúvidas. Nele encontramos lições de lealdade, trabalho em equipe, cooperação e coragem. Cada personagem é importante à sua maneira, mesmo com seus defeitos expostos. Mesmo aqueles que nos parecem mais franzinos e sensíveis no início, nos mostram sua força e nos surpreendem em suas decisões nos momentos em que precisam fazer a sua parte.


"A maioria das pessoas não vive o suficiente para ver o circo duas vezes. Estes são tempos exaustivos." (pág. 34)
   
   Por fim, espero que quem tenha lido até aqui tenha gostado da resenha. Ela é a "inauguração" do blog, e o Literatura Medonha nasceu de uma vontade simples de fazer valer mais ainda minhas leituras compartilhando algumas das minhas opiniões com outros leitores. Sintam-se à vontade para comentar com críticas e sugestões, nesse início elas serão essenciais. Obrigada aos que chegaram até aqui e acompanhem o blog porque farei novas resenhas de livros de terror/suspense/ficção.



2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog! O formato ficou muito bacana!
    Quanto à resenha, gostei do modo como colocou as palavras! Vai fazer com que, quem não conhece o livro, tenha uma curiosidade maior para ler.
    Que venham as próximas!

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  2. Olá, agora que li vi que era o primeiro post! Parabéns! Vc curtiu esse livro? Ele está no rol do AME ou ODEIE kkkkkkkk
    Eu tenho as duas edições, essa e a anterior, curti muito quando li e agora quando reli
    bjs e bem vinda a esse fantástico mundo da literatura na blogsfera ♥

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