segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Trechos: O Retrato de Dorian Gray

  


Título original: The Picture of Dorian Gray
Autor(a): Oscar Wilde
Ano: 1962
Editora: Biblioteca Azul
Páginas: 354

"Mas a beleza, a verdadeira beleza acaba quando começa a expressão intelectual. A intelectualidade é em si mesma um exagero e destrói a harmonia de qualquer rosto. Desde o instante em que alguém se senta para pensar, torna-se todo nariz, ou todo fronte ou alguma outra coisa assim horrível. Repare nos homens que triunfaram nas profissões intelectuais, como, de fato, são horrendos! Exceto, naturalmente, na Ingreja. Mas, na Igreja, ninguém pensa. Aos oitenta anos de idade, um bispo repete o que lhe ensinaram a dizer aos dezoito, e a consequência natural é que tem sempre um aspecto absolutamente delicioso."


"Os poetas sabem quanto ajuda a paixão utilmente divulgada. Hoje em dia, de um coração dilacerado tiram-se numerosas edições."


"É triste ter de admiti-lo, mas não se pode pôr em dúvida que o Gênio dura muito mais que a Beleza. Isso explica por que nos empenhamos tanto em instruir-nos. Temos necessidade, na dura luta pela vida, de algo que perdure, e enchemos o nosso entendimento de futilidades de todo tipo, na inútil esperança de manter o nosso prestígio. O homem culto, bem informado de tudo, é o ideal moderno. Mas a mente deste homem bem informado é uma coisa horrível. É como uma miscelânea monstruosa e empoeirada, onde os objetos amontoados custam sempre mais do que valem."


"Influenciar uma pessoa é transmitir-lhe a nossa própria alma. Ela já não pensa com os seus próprios pensamentos, nem arde com as suas próprias paixões. As suas virtudes não são reais para ela. Os seus pecados, se é que existem pecados, são emprestados. Ela se transforma em eco de uma música alheia, em ator de um papel que não escrito para ela. A finalidade da vida é o desenvolvimento próprio. O que devemos buscar é a realização da nossa própria natureza. O problema é que, hoje em dia, as pessoas têm medo de si mesmas. São caridosas, naturalmente. Alimentam o faminto e vestem o esfarrapado. No entanto, permitem que as suas almas morram de fome e andem nuas. O valor nos abandonou. Talvez nunca o tenhamos tido, realmente. O temor da sociedade, que é a base da moral, o temos de Deus, que é o segredo da religião... são os dois princípios que nos regem. E, contudo, creio que, se um homem quisesse viver a sua vida plena e completamente, se quisesse dar forma a todos os seus sentimentos, expressão a cada pensamento, realidade a todo sonho, creio que o mundo receberia tal impulso novo de alegria, que esqueceríamos todas as doenças medievais, para voltar ao ideal grego, a algo mais belo e mais rico, talvez, que esse ideal. No entanto, o mais corajoso dentre nós tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem tem a sua trágica consequência na própria renúncia que perverte as nossas vidas. Somos castigados pelas nossas renúncias. Todo impulso que procuramos extinguir germina em nossa mente e nos envenena. Pecando, o corpo se liberta do seu pecado, porque a ação é uma forma de purificação. Nada resta então a não ser a lembrança de um prazer ou a volúpia de um remorso. O único meio de nos livrarmos de uma tentação é ceder a ela. Se lhe resistirmos, nossas almas ficarão doentes, desejando as coisas que se proibiram a si mesmas, e, além disso, sentirão desejo que algumas leis perversas tornaram perverso e ilegal. Já se disse que os grandes acontecimentos acontecem no cérebro. É no cérebro e somente nele que também acontecem os grandes pecados do mundo. O senhor mesmo, Gray, com a sua juventude cor-de-rosa e a sua adolescência alvirrosada, deve ter tido paixões que o amedrontaram, pensamentos que o encheram de terror, sonhos despertos e sonhos adormecidos, cuja simples lembrança poderia tingir de vermelho as suas faces."


"A Beleza é uma forma do Gênio... mais elevada que o próprio Gênio, pois não precisa ser definida. É uma das realidades absolutas do mundo, como o sol, a primavera, ou o reflexo nas águas sombrias dessa concha de prata que chamamos lua. Isso não pode ser discutido. É um poder supremo de direito divido. Tornam-se príncipes aqueles que a possuem (...) Costuma-se dizer que Beleza é superficial. Pode ser que seja. Mas não tão superficial quanto o pensamento. Para mim, a Beleza é a maravilha das maravilhas. Só o medíocre não julga pelas aparências. O verdadeiro mistério do mundo é o visível, não o invisível."


"Não esbanje o ouro dos seus dias, dando ouvidos aos enfadonhos, tentando melhoras o fracasso sem esperança ou desperdiçando sua vida com o ignorante, com o fútil, com o vulgar."


"Sempre! É uma palavra terrível. Estremeço toda vez que a ouço. As mulheres gostam muito de usá-la. Estragam todos o idílio, querendo fazê-lo eterno. É uma palavra sem significado algum. A única diferença que há entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais."


"Adoro os prazeres simples. São o último refúgio do complexo. Mas não me agradam as cenas fora do palco."


"Gostaria de saber quem definiu o homem como um ser racional. É a mais tola das definições. O homem é uma infinidade de coisas, mas não é racional."


"Posso simpatizar com tudo, menos com o sofrimento. Com isso eu não consigo simpatizar. É demasiado feio, demasiado horrível, demasiado aflitivo. Há algo de terrivelmente doentio na simpatia moderna pela dor. Devemos simpatizar com a cor, com a beleza, com a alegria da vida. Quanto menos falarmos das chagas da vida, tanto melhor."


"Sim, este é um dos grandes segredos da vida. Hoje em dia, a maioria das pessoas morre de uma espécie de senso comum progressivo, descobrindo, quando já é demasiado tarde, que a única coisa que ninguém jamais lastima são os seus próprios erros."


"Aqueles que amam apenas uma vez na vida são os verdadeiramente superficiais. O que eles chamam de lealdade e fidelidade eu chamo de letargia do hábito ou a falta de imaginação. A fidelidade é, para a vida emocional, o que a estabilidade é para a vida intelectual: uma simples confissão de fracassos. Fidelidade! Algum dia vou analisá-la. Encontra-se nela a paixão pela propriedade. Existem muitas coisas que nós abandonaríamos se não receássemos que outras pessoas as pegassem."


"Sempre tive propensão pelos métodos das ciências naturais, mas as matérias correntes dessas ciências lhe haviam parecido vulgares e sem importância. Por isso, começara por dissecar a si mesmo e acabara dissecando os outros. A vida humana parecia-lhe a única coisa digna de investigação. Em comparação com ela, tudo o mais não possuía valor algum. Na verdade, todo aquele que observava a vida, em seu cadinho de dor e prazer, não podia usar a máscara de vidro no rosto, nem impedir que os vapores sulfurosos lhe perturbassem os cérebros e turvassem a imaginação com monstruosas fantasias e sonhos informes. Existiam venenos tão sutis que, para conhecer suas propriedades, era necessário experimentar seus efeitos em si mesmo. E enfermidades tão estranhas que era preciso tê-las sofrido, para compreender-lhes a natureza. E, no entanto, que grande recompensa se recebia! Em que maravilha se transformava o mundo inteiro! Anotar e estranha e poderosa lógica da paixão, e a vida emocional e colorida da inteligência, observar onde se encontram e onde se separam, em que ponto se conciliam em que ponto discordam - que deleite havia nisto! Que importava o preço? Nunca era demasiadamente caro o preço de tal sensação."


"As criaturas vulgares esperam que a vida lhes revele os seus segredos, mas apenas à minoria, aos eleitos, são mostrados os seus mistérios antes do cair do véu. Às vezes, isso se dá por efeito da arte, principalmente da arte literária, que se relaciona diretamente com as paixões e a inteligência. Porém, de vez em quando, uma personalidade complexa substituía e ocupava o ofício da arte. Chegava a ser de fato, a seu modo, uma verdadeira obra de arte, pois a Vida, da mesma forma que a poesia, a escultura ou a pintura, produz as suas obras-primas."


"Eu jamais aprovo nem desaprovo coisa alguma. Seria assumir uma atitude absurda para com a vida. Não fomos enviados ao mundo para divulgar os nossos preconceitos morais. Não dou nunca a menor importância ao que diz o vulgo em geral, nem intervenho jamais no que fazem as pessoas encantadoras. Se uma pessoa me fascina, seja qual for a forma de se expressar que essa pessoa escolha, será sempre absolutamente encantadora para mim."


"Quando somos felizes, somos sempre bons. Mas quando somos bons, nem sempre somos felizes (...) Ser bom é estar em harmonia consigo mesmo (...) E não ser bom é ser forçado a estar em harmonia com os outros. A nossa vida é a única que importa. Quanto às vidas alheias, alguém quiser ser pretensioso ou puritano, pode estender seu ponto de vista moralizante até elas, mas não nos dizem respeito. Além disso, o individualismo tem, de fato, o mais elevado objetivo. A moralidade moderna consiste em acompanhar o modelo da época. Considero, para qualquer homem culto, o simples fato de aceitar o modelo da época uma forma da mais indecorosa imoralidade."


"Existe certa volúpia em censurar a nós mesmos. Quando nos acusamos, sentimos que nenhum outro tem o direito de fazê-lo. É a confissão, e não o sacerdote, que nos dá a absolvição." 


"Talvez na quase totalidade das alegrias, com certeza, em todos os prazeres, haja um fundo de crueldade."


"Afastada das sombras irreais da noite, ressurge a vida, em sua já conhecida realidade. Devemos retomá-la onde a deixamos e, então, apodera-se de nós o terrível sentimento da necessária continuidade da energia no mesmo círculo monótono de hábitos estereotipados, ou então somos presas de um desejo selvagem de que nossas pálpebras se abram um dia sobre um mundo que tivesse sido refundado nas trevas para o nosso prazer, um mundo onde as coisas apresentariam novas formas e cores, que teria mudado ou que possuiria outros segredos, um mundo em que o passado ocuparia pouco ou nenhum espaço, em que as lembranças não sobreviveriam sob a forma inconsciente de obrigação ou de pesar, uma vez que a lembrança da própria felicidade encerra amarguras, assim como a lembrança do prazer já contém a sua dor."


"Costumava espantar-se com a psicologia superficial daqueles que concebem o Eu humano como uma coisa simples, imutável, digna de confiança e possuidora de uma só essência. Para ele, o homem era um ser de múltiplas vidas e múltiplas sensações, uma criatura complexa e com uma infinidade de facetas, que carregava dentro de si heranças estranhas de pensamentos e de paixões e cuja carne estava minada pela enfermidade monstruosa da morte."


"Sua alma estava mortalmente enferma (...) Contudo, mesmo que o perdão fosse impossível, ainda seria possível o esquecimento. E estava disposto a esquecer, a apagar aquilo de sua mente, a esmagar aquela lembrança como se esmaga uma víbora que nos picou."


"Um único pensamento de arrastava de uma célula a outra de seu cérebro, e o desejo selvagem de viver, o mais terrível de todos os aspectos humanos, excitava cada nervo, cada fibra de seu corpo. A feiura, que tantas vezes ele detestara por tornar as coisas mais reais, agora lhe parecia aceitável pela mesma razão. A feiura era a única realidade. As disputas grosseiras, os antros repugnantes, a violência crua de uma vida desordenada, a baixeza dos ladrões e dos criminosos, tudo isso possuía mais vida, em sua intensa realidade, do que todas as formas delicadas da Arte, do que as sombras sonhadoras da Poesia."


"A vida era muito breve para que se pudesse suportar sobre os ombros o peso dos erros dos outros. Cada homem vivia sua própria vida e pagava seu próprio preço para vivê-la. O que era para lamentar é que uma pessoa tivesse que pagar tanto por um único erro. E era preciso pagar cada vez mais, com efeito. Em seus relacionamentos com os homens, o Destino nunca para de cobrar as suas dívidas."


"A paixão romântica vive através da repetição, e esta transforma o desejo em arte. Além disso, quando se ama, é como se fosse a primeira e única vez. A diferença de objeto não altera a unidade da paixão, pode apenas intensificá-la. Ao longo de nossa vida, não costumamos ter senão uma grande experiência. O segredo da vida consiste em repeti-la o maior número de vezes."


"Esta criança que já se queimou continua gostando do fogo. Não ficou sequer chamuscada. Suas asas estão intactas." (Adaptação)


"...como a pintura de uma dor,
um rosto sem coração." (Citação de Hamlet)


"Se um homem encara a sua vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração."


"Qual o proveito de um homem que ganha o mundo inteiro, mas perde sua própria alma? (...) A alma é uma terrível realidade. Pode ser comprada, vendida ou trocada. Uma pessoa pode envenená-la ou aperfeiçoá-la. Cada um de nós possui a sua alma, tenho certeza."


"As coisas das quais estamos absolutamente certos nunca o são realmente. É essa a fatalidade da Fé e a lição da Ficção."


"A vida não pode ser guiada pela vontade ou pela intenção. A vida não mais é que um amontoado de nervos, de fibras, de células que se formam lentamente, onde se esconde o pensamento e onde a paixão oculta seus sonhos. Você pode acreditar que se encontra inteiramente seguro e cheio de forças. Contudo, a simples tonalidade de um aposento, um céu matinal, um perfume que você amou um dia e que lhe traz sutis recordações, um verso esquecido de um poema que volta à sua memória, uma melodia de uma peça musical que você deixou de tocar... digo-lhe, Dorian, que é de coisas assim que depende a nossa vida."

segunda-feira, 4 de julho de 2016

RESENHA: Mentes Perigosas



Autor(a): Ana Beatriz Barbosa Silva
Ano: 2008
Editora: Fontanar
Páginas: 2010

   
   Encontrei esse livro na casa de uma amiga e de imediato pedi emprestado, afinal, quem não se interessa em ler sobre psicopatas, ainda mais quando se encontra na capa algo apelativo do tipo "Como reconhecer e se proteger de pessoas frias e perversas, sem sentimento de culpa, que estão perto de nós"? Bem, não foi nem de perto a melhor leitura que fiz sobre o assunto.
   A autora parece ter escrito esse livro para as "massas", pela superficialidade com que tratou o assunto, usando de poucas fontes científicas e ainda citando histórias mastigadas pela mídia para tentar prender o leitor, que no final mais parecem de conteúdo novelístico. Outro ponto bastante negativo é a abundância de sentimentalismo e "alarde" que a autora faz citando com frequência que podemos estar rodeados de psicopatas no trabalho, na vida noturna e até na nossa família. Os exemplos de comportamentos psicopatas são tão triviais que as pessoas facilmente impressionáveis podem até se privar de sair de casa (permitam-me o exagero, pois isso é algo bem onipresente no livro).
   As poucas passagens do livro que me interessaram foi a que abordou o tema bullying, os absurdos acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente, o teste de psicopatia PCL, a junção de fatores neurobiológicos e sociais que podem causar a psicopatia e as razões pelas quais as psicoterapia são ineficazes. 




   Casos conhecidos por todos são tratados no livro, como o de Suzane von Richthofen e o de Guilherme de Pádua Thomaz, o último sendo bem descrito pela autora e para mim tornou-se o melhor momento da leitura. 
   Para quem nunca leu nada sobre o tema, talvez esse livro seja uma introdução adequada, embora possa causar um efeito negativo de desinteressar o leitor completamente sobre o assunto. Para quem já leu outros livros sobre psicopatia, recomendo que continuem na literatura da Ilana Casoy e lançamentos da coleção Crime Scene da Darkside Books.
   Por fim, é de conhecimento de todos que psicopatas estão entre nós e muitos deles estão livres, mas a autora trata o assunto como insolúvel, uma postura bastante negativa que dificilmente atrairá um leitor e a falta de profundidade em todos os capítulos me deixou com a sensação de estar lendo algo sem muito propósito. 


segunda-feira, 13 de junho de 2016

RESENHA: It - A Coisa

Edição 2001


Título original: It
Autor(a): Stephen King
Ano: 1986
Editora: Objetiva
Páginas: 832 



   Antes de iniciar a resenha, me sinto na obrigação de dizer que amo esse livro e ele sempre será um dos meus favoritos. Pode causar certa desconfiança em alguns a quantidade de páginas, foi o maior livro que li até hoje (em breve espero quebrar esse recorde com A Dança da Morte, do mesmo autor), mas acreditem, acontecem tantas coisas no decorrer da leitura e tudo é tão bem descrito que dificilmente vocês irão se cansar.
   O primeiro acontecimento descrito no livro é a cena inicial do filme adaptado em 1990. George, um garotinho de 6 anos, brinca na chuva com o barquinho de papel feito pelo seu irmão mais velho, Bill, até que um palhaço o atrai a um bueiro e o assassina. Quem assistiu ao filme vai adorar ler isso e quem leu antes de assistir não vai ter motivos para criticar a cena adaptada. 
   A história se passa em Derry, uma cidade do Maine, cenário de outros livros escritos por King. No início conheceremos os sete personagens principais em sua fase adulta, com suas vidas estabilizadas, rotinas, alguns dramas e a maioria deles vivendo longe de Derry. Até que recebem o telefonema de Mike, o único que continuou na cidade. A Coisa que eles enfrentaram quando crianças voltou a assombrar a cidade e adicionar novas vítimas à contagem de mortes misteriosas, brutais e inexplicáveis. Cada um reage de forma diferente a esse telefonema, mas uma coisa é comum a todos: eles entram em pânico, memórias são relembradas com um assombro avassalador e um deles prefere se suicidar a enfrentar a Coisa novamente. O restante cumpre a promessa feita na infância, pois juntos eles acreditaram que tinham derrotado a Coisa e até fizeram uma promessa de sangue de que se esse mal retornasse, eles iriam novamente combatê-lo juntos.
   Stephen King é admirado pela riqueza com que descreve seus personagens e cenários, e nessa história isso se torna um fator ainda mais marcante por se tratar de crianças que enfrentam problemas em casa e sofrem perseguição na escola. Chega a ser revoltante algumas cenas de bullying que eles sofrem e o tratamento indiferente que Bill recebe dos pais me arrancou lágrimas. Por esses motivos, os sete se tornam amigos e denominam seu grupo como Clube dos Perdedores.
   Bill é o líder do grupo, mas após a morte de seu irmão ele se sente culpado e desenvolve asma, além de receber um tratamento frio e desafetuoso dos pais; Richie é o comediante da turma mas não é difícil perceber que suas piadas são sua defesa para parecer mais legal e fugir da realidade de seus problemas; Eddie é criado por uma mãe hipocondríaca que o faz acreditar que ele está sempre correndo o risco de ficar doente e morrer e ser um garoto fragilizado; Stan é um garoto judeu e sofre preconceito por isso; Beverly sofre com os ataques violentos do pai e é frequentemente espancada por ele e quando adulta acaba se casando com um homem igualmente violento e abusivo; Mike é um garoto negro numa cidade racista, mas é o que tem a melhor relação com a família e Ben é o garoto gordo da turma porque sua mãe acha que ele só pode ser saudável se comer muito. Nos apegamos a cada um desses personagens porque eles são comuns, eles podem ser o filho do vizinho, o garotinho no supermercado ou talvez você tenha um primo com alguma dessas características.


"Seu medo já se fora, abandonara-o com a mesma facilidade do pesadelo que se encerra para o homem quando acorda, suando frio e ofegante, mas por fim livre; alguém que apalpa o corpo e olha em volta, certificando-se de que nada daquilo aconteceu, e que então começa rapidamente a esquecer tudo. Quando seus pés tocam o chão, metade do pavor já desapareceu; três quartos acabam quando ele sai do chuveiro e começa a enxugar-se; tudo lhe some da mente assim que termina o café-da-manhã. Tudo... até a próxima vez em que, nas garras do pesadelo, serão recordados os medos totais."


   O autor escreve cenas assustadoras, tragédias que aconteceram na cidade, como é o ciclo de matança da Coisa, como Derry foi colonizada e uma das minhas partes preferidas é quando o pai de Mike descreve um incêndio desastroso que matou dezenas de pessoas. A Coisa tem ligação com cada um desses acontecimentos.




   A Coisa assume a forma de palhaço porque isso atrai as crianças e elas são suas vítimas favoritas por possuírem mentes no ápice da criatividade e acreditarem que seus piores pesadelos podem se tornar realidade. Na batalha final a criatura assume outra forma, descrita como inimaginável mas é comparada com algo que conhecemos e a maioria sente repulsa, vou evitar revelar porque a surpresa fica por conta de quem for ler.
   Por fim, esse livro nos passa diversas mensagens e ensinamentos. Os personagens nos transmitem coragem, ousadia, personalidades fortes e bondade. Lemos também sobre amizade verdadeira, laços inquebráveis e companheirismo mesmo nos piores momentos. Eu recomendarei esse livro sempre!




 "Não precisamos olhar para trás a fim de vermos aquelas crianças; parte da mente as verá para sempre. Elas não são nossa melhor parte necessariamente, porém um dia foram o repositório de tudo em que poderíamos nos transformar." 





quarta-feira, 8 de junho de 2016

RESENHA: Príncipe Lestat



Título Original: Prince Lestat
Autor(a): Anne Rice
Ano: 2015
Editora: Rocco
Páginas: 528


   Príncipe Lestat é o 11º livro da série Crônicas Vampirescas, que iniciou-se com o livro Entrevista com o Vampiro em 1976 (lançado no Brasil em 1990). Logo no início, temos uma parte chamada Jargão do Sangue, que nos apresenta termos utilizados pelos vampiros nos volumes anteriores, por exemplo: Crianças dos Milênios, O Dom das Trevas, O Dom da Nuvem, O Cerne Sagrado e etc. Ao final da leitura, temos uma parte chamada Apêndice 2 - Um Guia Informal das Crônicas Vampirescas, que nos apresenta os títulos anteriores com um breve resumo. Esse cuidado da editora deixa claro que o livro pode ser apreciado tanto pelos fãs das crônicas quanto por novos leitores, já que sem essas partes provavelmente muitos se perderiam na história.
   Apesar desse cuidado editorial de apresentar termos e breves resumos dos volumes anteriormente lançados, é preciso comentar que para melhor entendimento da leitura é aconselhável ler pelo menos os três primeiros lançamentos das crônicas que são Entrevista com o Vampiro, O Vampiro Lestat e principalmente A Rainha dos Condenados. Muito se fala de Akasha, Mekare e Maharet, além disso, muitos dos primeiros vampiros criados pela Rainha fazem parte da história.


Três primeiros volumes das Crônicas Vampirescas: Entrevista com o Vampiro, O Vampiro Lestat e A Rainha dos Condenados.


   Quem inicia a história é Lestat, contando como passou os últimos anos em meio a crises existenciais e reclusão. Porém, há uma Voz que o atormenta e ele percebe que ela não parte de sua própria consciência. Ao continuar a leitura, descobrimos que essa mesma Voz também persegue outros vampiros, influenciando-os a aniquilarem os mais jovens e jogando uns contra os outros depois que a criação de vampiros fugiu ao controle.
   Esse fato passa a ser de conhecimento de todos os vampiros por causa das transmissões radiofônicas de um jovem bebedor de sangue chamando Benji, que faz transmissões de Nova Iorque onde mora com Marius, Armand e Sybelle. Essa é uma das inovações em Príncipe Lestat, onde a autora moderniza os vampiros que usam Iphones, computadores e tecnologia de última geração. Não sei dizer se esse ponto me agrada, porque essa modernização os afasta de seu lado bestial e desprovido de moralidade. Um fato nesse livro é que os vampiros estão cada vez mais humanizados, inclusive preocupando-se em criar leis e alimentar-se apenas de malfeitores. Esse é definitivamente um ponto negativo.


"Todas as coisas sob o céu contém alguma bênção, e assim acontece com o ruído moderno quando se torna um delicado soar de uma cachoeira em nossos ouvidos, protegendo-nos de sons disparatados e pavorosos. Ah, mas o que é o céu senão um vácuo silencioso e indiferente através do qual o ruído triturante de explosões ecoa para sempre ou nem mesmo é de todo ouvido? E os homens antigamente falavam da música das esferas." (p. 252)


   Em meio a essa crise causada pela Voz que incita vampiros a assassinarem com fogo uns aos outros, Lestat passa a ser procurado pelos antigos e jovens pelo fato de que ele é o vampiro de maior fama entre todos, graças aos livros que ele lançou e ao único show de rock que realizou em San Francisco onde reuniu centenas de vampiros, com a esperança de que ele consiga reunir os anciãos para decidir o que fazer com relação aos acontecimentos devastadores.
   Todos os vampiros das crônicas anteriores estão presentes nesse livro: Marius, Armand, Pandora, Grabrielle, Khayman e, claro, Louis. Além deles, dois personagens humanos importantes nos são apresentados, Rose e Viktor. Outros dois personagens importantíssimos são Rhoshamandes e Benedict.
   A quantidade de personagens pode ser visto com alegria para alguns fãs que acompanharam as crônicas, pois muitos deles estiveram presentes nos volumes anteriores e tem suas histórias contadas aqui. Para mim, muitas vezes a leitura se tornou cansativa apesar de o livro contar com uma narrativa leve e fácil de acompanhar, porque eu particularmente prefiro poucos personagens bem aprofundados já que isso muitas vezes nos leva a criar apego e familiaridade com eles.
   A Talamasca é muito citada, e nesse livro nós sabemos quem fundou a ordem criada para estudar o oculto. Outra coisa que está presente: fantasmas. E se fossem só "simples" fantasmas isso não causaria espanto em ninguém já que se trata de um livro de terror, mas aqui os fantasmas se passam por humanos, interagindo e fazendo parte inclusive do mundo dos negócios com os mortais. Isso foi bem difícil de engolir, tenho que admitir que não me agradou nem um pouco essa inclusão de fantasmas em meio à vampiros.





   É fácil perceber que a resenha não foi muito positiva dessa vez, de fato muitas coisas no livro não me agradaram, demorei até duas semanas pra finalizá-lo porque a leitura não me prendeu. Por esse motivo, eu adoraria que pessoas que também o leram compartilhassem suas opiniões, talvez do ponto de vista de outros eu passe a enxergar com mais pontos positivos essa obra.

   

quarta-feira, 25 de maio de 2016

RESENHA: Entrevista com o Vampiro


Título Original: Interview with the Vampire
Autor (a): Anne Rice
Ano: 1976
Editora: Rocco
Páginas: 334

   Entrevista com o Vampiro é o primeiro volume da série As Crônicas Vampirescas, que atualmente conta com 11 volumes lançados, sendo o último lançamento o livro Príncipe Lestat em 2014. Existe também uma outra série chamada Novos Contos Vampirescos, que conta com dois volumes, Pandora (1998) e Vittorio, O Vampiro (1999).
   O livro inicia-se com Louis contando sua história para um jovem repórter acostumado a entrevistar pessoas comuns sobre suas vidas. Louis, depois de anos de reclusão e solidão, decide aproveitar essa oportunidade para expor a verdade sobre sua trajetória vampiresca. Esse início pode ser um pouco maçante, já que os primeiros diálogos entre Louis e o repórter não são de muita profundidade, mas assim que a narrativa se volta aos anos mortais de Louis, é garantido que todo leitor se envolverá.
   Enquanto mortal, Louis de Pointe du Lac foi um jovem fazendeiro do sul do estado da Louisiana e de origem francesa. Após perder o pai, ele passa a tomar conta da propriedade da família. Uma diferença em relação ao filme de 1994, é que o que deixa Louis em total desespero e estado de lamúria, entregue ao álcool e aos prazeres mundanos, é a morte acidental de seu irmão mais novo e não de sua esposa, o que o deixa sentindo-se culpado pois a morte do caçula dá-se após uma discussão entre os dois.
   É nessa fase que Lestat aparece, quando Louis está entregue à todos os perigos, e faz a sua oferta em transformá-lo.

"Encarava o fato de me tornar vampiro sob dois aspectos: o primeiro era mero encanto. Lestat me conquistou em meu leito de morte. Mas o outro aspecto era meu próprio desejo de autodestruição. Ansiava por ser intensamente amaldiçoado. Foi por esta porta que Lestat penetrou, em ambas as ocasiões."

   Lestat é um vampiro rebelde, acostumado a agir por impulso, interesseiro nas posses de Louis e completamente frio em relação às vidas humanas que tira. Já Louis torna-se um vampiro melancólico, permanentemente atormentado com sentimentos de culpa e moralidade em relação às suas vítimas, que passa a se alimentar de ratos e animais de estimação para poupar as vidas humanas. Por esse motivo os conflitos em os dois são constantes e após Louis incendiar propositalmente sua casa de fazenda, ambos partem para Nova Orleans.

"Para ele, ser um vampiro significava vingança. Vingança contra a própria vida. Cada vez que acabava com uma vida estava se vingando. Não era estranho que não apreciasse nada. Nem podia perceber as nuances da existência como vampiro, pois só se preocupava com uma vingança maníaca contra a vida mortal que tinha abandonado. Cheio de ódio, ele olhava para trás. Cheio de inveja, nada o agradava, a não ser o que podia tirar dos outros. E ao obtê-lo, ficava ainda mais frio e insatisfeito, sem conseguir apreciar a coisa em si, tendo que sair em busca de algo mais. Vingança, cega, estéril e desprezível." (Louis sobre Lestat)

   Um ponto alto dos livros de Anne Rice são suas descrições sobre os locais, sejam casas ou cidades. Ela consegue nos transportar facilmente para a época e seus costumes. 
   Em uma noite, Lestat segue a trilha de ratos mortos deixados por Louis em sua caçada e o descobre encantado por uma criança órfã que perdera a mãe para a praga e encontra-se sozinha em um casebre, abraçada ao corpo da defunta. Na intenção de prender Louis à si e tentar dar a ele algum objetivo ou algo que desperte o seu amor para a vida de vampiro, Lestat transforma essa criança. Ela se chama Claudia.
   Claudia, na minha opinião, é um dos personagens mais interessantes de Anne Rice. É uma garotinha de aproximadamente 5 anos, que por ter se tornado vampira jamais crescerá, porém com os anos sua mente amadurece e ela torna-se uma adulta presa eternamente a um corpo de menina. Isso a deixa revoltada e faz com sinta inveja do corpo feminino adulto, além de matar suas vítimas com a mesma frieza e brutalidade de Lestat e repudiar a alimentação de Louis e seu jeito melancólico, embora a mesma esconda em sua atitudes a tristeza e raiva que sente por sua condição.



   A partir dessa transformação de Claudia é que os grandes acontecimentos da narrativa começam. Intrigas, rejeição, assassinato, fugas e vampiros do Velho Mundo. Em um momento do livro, os personagens estão vivendo em Paris, onde além de nos deliciarmos mais uma vez com as descrições da autora, conhecemos O Teatro dos Vampiros e mais um personagem importantíssimo que estará presente em todos os livros d'As Crônicas Vampirescas seguintes, Armand.
   
"O mal é um ponto de vista. (...) Deus mata, assim como nós; indiscriminadamente. Ele toma o mais rico e o mais pobre, assim como nós; pois nenhuma criatura sob os céus é como nós, nenhuma se parece tanto com Ele quanto nós mesmos, anjos negros não confinados aos parcos limites do inferno, mas perambulando por Sua terra e por todos os Seus reinos."

   

   A adaptação cinematográfica foi dirigida por Neil Jordan e teve Brad Pitt como Louis, Tom Cruise como Lestat e Kirsten Dunst interpretando Claudia. A autora participou diretamente da produção. Atualmente, notícias confirmaram que uma regravação será lançada e é possível que Jared Leto interprete Lestat. Até o momento, as notícias são de que Josh Boone (diretor de A Culpa é das Estrelas) estará na direção. Quanto a isso prefiro não dar a minha opinião, só um breve comentário de que um filme maravilhoso e de certa forma recente como esse não precisa de remake.

Edição de 1992
Lestat tatuado por Fábio Manson (João Pessoa/PB) em janeiro de 2015

quarta-feira, 11 de maio de 2016

RESENHA: O Circo Mecânico Tresaulti

                        


Título Original: Mechanique: A Tale of the Circus Tresaulti
Autor (a): Genevieve Valentine
Ano: 2016
Editora: Darkside Books
Páginas: 320

"Havia sempre lágrimas de alegria; um homem tão lindamente unido com uma máquina era algo que as pessoas precisam ver depois de uma guerra como a qual haviam passado. A tecnologia naquela época era armas e sinais de rádio; as pessoas precisam lembrar-se da arte da máquina." (pág. 20) 


    O Circo Mecânico Tresaulti é um livro de fantasia com elementos que caracterizam a distopia por se ambientar em um mundo pós-guerra. Os sobreviventes vivem em cidades massacradas e destruídas, sob comando de governos despreparados onde em sua maioria só estão no poder por terem resistido por mais tempo. 

   A primeira edição foi lançada em 2013, essa que estou lhes apresentando é uma edição limitada lançada esse ano. O livro conta com muitas ilustrações que, embora talvez não seja a intenção, me agradaram muito por ajudar a imaginar os personagens e os cenários e o responsável por elas é o Wesley Rodrigues.



"Os portões da cidade são de madeira coberta com folhas de metal, e quando se abrem eles se assemelham com as entranhas de seus artistas, que parecem todos despertos e vivos até se atingir o centro e perceber que não são pessoas de verdade, mas esqueletos de armadura com um humano ao redor." (pág. 164)
   
   Na história, temos como personagem principal a Boss, e como o próprio nome sugere, ela é a chefe do circo e foi após um bombardeio no teatro em que ela se encontrava e no qual se apresentaria em uma ópera, que ela escapa dos escombros e dá vida ao personagem Panadrome usando restos do corpo do maestro e qualquer ferramenta e restos de metal que ela encontrou em meio ao destroços. Esses dois personagens são tidos como os primeiros membros do circo que será conhecido pelos leitores, porque em um momento da trama, Boss afirma que o circo existe há muito tempo mas não é dito quando realmente se originou.
   A narrativa não segue padrões, sendo escrita em primeira, segunda e terceira pessoa. Geralmente o personagem Little George é quem narra os acontecimentos em primeira pessoa. Cada capítulo é uma surpresa, se um é no tempo presente não significa que o próximo siga a mesma linha e então nos deparamos com acontecimentos passados. Por esses motivos, a leitura é um verdadeiro desafio e por mais que o livro seja curto, requer atenção. Para que essa observação não seja tida como algo negativo, já vou adiantar que a história é leve, cativante e duvido muito que os leitores não se apaixonem logo nas primeiras páginas.
   São muitos os personagens, de início fiquei apreensiva de não lembrar de todos os nomes, mas a grande maioria têm suas personalidades e histórias descritas no decorrer da trama e até aqueles que nos parecem ranzinzas e malvados, nos conquistam em um momento, à exemplo disso posso citar a Elena. Pra justificar isso, basta dizer que todos eles buscaram o circo quando já não tinham esperanças de se manter na cidade, uns sofreram mais que outros, mas todos são sobreviventes da guerra e veem no circo uma chance de encontrar abrigo, alimento e talvez alegria em proporcionar momentos de diversão às pessoas que irão assistir aos espetáculos.

"Durante toda a vida, Ying supôs que Elena fosse naturalmente cruel. Perguntava-se agora se a crueldade simplesmente surgia quando o mundo estava desabando e não havia nada mais a fazer a não ser brigar." (pág. 236)


  "Nenhum de nós tem o coração voltado para a guerra." (pág. 132)
   Boss quem dá vida à maioria dos membros do circo. As trapezistas, por exemplo possuem ossos ocos para que fiquem mais leves ao se apresentarem. Jonah possui um pulmão mecânico porque chegou ao circo carregado por Ayar e morreria de um colapso no órgão se não fosse a intervenção de Boss. Ayar por sua vez possui engrenagens e um coluna quase indestrutível, sendo por esse motivo o membro mais forte do circo. Não dá pra descrever todos os personagens porque, como já disse anteriormente, são muitos e alguns um tanto complexos.
   O ponto alto da história é quando um homem do governo assiste ao espetáculo e leva Boss consigo junto aos seus soldados, deixando o restante do pessoal temendo que ela seja assassinada. Após esse acontecimento, os membros do circo se dividem entre quem fugirá para o mais longe possível da cidade para não ser apanhados e os que permanecem para resgatar Boss e Bird, a segunda personagem mais marcante da história na minha opinião, que no momento em que vê Boss sendo levada, tenta atacar o homem do governo e falha, levando um tiro no tornozelo e sendo carregada junto.
   Não acho que seria justo falar as motivações do homem do governo, mas a partir daí temos muita tensão, algumas intrigas e uma batalha no final que é digna de adaptação cinematográfica (sim, já estou sonhando com isso).




   Se ao final de 2016 esse livro estará na minha lista dos 10 melhores do ano, eu não sei dizer, já que só falando em relação a Darkside ainda teremos lançamentos incríveis para acompanhar. Mas que esse livro é incrível e que pode nos marcar por muito tempo, não há dúvidas. Nele encontramos lições de lealdade, trabalho em equipe, cooperação e coragem. Cada personagem é importante à sua maneira, mesmo com seus defeitos expostos. Mesmo aqueles que nos parecem mais franzinos e sensíveis no início, nos mostram sua força e nos surpreendem em suas decisões nos momentos em que precisam fazer a sua parte.


"A maioria das pessoas não vive o suficiente para ver o circo duas vezes. Estes são tempos exaustivos." (pág. 34)
   
   Por fim, espero que quem tenha lido até aqui tenha gostado da resenha. Ela é a "inauguração" do blog, e o Literatura Medonha nasceu de uma vontade simples de fazer valer mais ainda minhas leituras compartilhando algumas das minhas opiniões com outros leitores. Sintam-se à vontade para comentar com críticas e sugestões, nesse início elas serão essenciais. Obrigada aos que chegaram até aqui e acompanhem o blog porque farei novas resenhas de livros de terror/suspense/ficção.