segunda-feira, 13 de junho de 2016

RESENHA: It - A Coisa

Edição 2001


Título original: It
Autor(a): Stephen King
Ano: 1986
Editora: Objetiva
Páginas: 832 



   Antes de iniciar a resenha, me sinto na obrigação de dizer que amo esse livro e ele sempre será um dos meus favoritos. Pode causar certa desconfiança em alguns a quantidade de páginas, foi o maior livro que li até hoje (em breve espero quebrar esse recorde com A Dança da Morte, do mesmo autor), mas acreditem, acontecem tantas coisas no decorrer da leitura e tudo é tão bem descrito que dificilmente vocês irão se cansar.
   O primeiro acontecimento descrito no livro é a cena inicial do filme adaptado em 1990. George, um garotinho de 6 anos, brinca na chuva com o barquinho de papel feito pelo seu irmão mais velho, Bill, até que um palhaço o atrai a um bueiro e o assassina. Quem assistiu ao filme vai adorar ler isso e quem leu antes de assistir não vai ter motivos para criticar a cena adaptada. 
   A história se passa em Derry, uma cidade do Maine, cenário de outros livros escritos por King. No início conheceremos os sete personagens principais em sua fase adulta, com suas vidas estabilizadas, rotinas, alguns dramas e a maioria deles vivendo longe de Derry. Até que recebem o telefonema de Mike, o único que continuou na cidade. A Coisa que eles enfrentaram quando crianças voltou a assombrar a cidade e adicionar novas vítimas à contagem de mortes misteriosas, brutais e inexplicáveis. Cada um reage de forma diferente a esse telefonema, mas uma coisa é comum a todos: eles entram em pânico, memórias são relembradas com um assombro avassalador e um deles prefere se suicidar a enfrentar a Coisa novamente. O restante cumpre a promessa feita na infância, pois juntos eles acreditaram que tinham derrotado a Coisa e até fizeram uma promessa de sangue de que se esse mal retornasse, eles iriam novamente combatê-lo juntos.
   Stephen King é admirado pela riqueza com que descreve seus personagens e cenários, e nessa história isso se torna um fator ainda mais marcante por se tratar de crianças que enfrentam problemas em casa e sofrem perseguição na escola. Chega a ser revoltante algumas cenas de bullying que eles sofrem e o tratamento indiferente que Bill recebe dos pais me arrancou lágrimas. Por esses motivos, os sete se tornam amigos e denominam seu grupo como Clube dos Perdedores.
   Bill é o líder do grupo, mas após a morte de seu irmão ele se sente culpado e desenvolve asma, além de receber um tratamento frio e desafetuoso dos pais; Richie é o comediante da turma mas não é difícil perceber que suas piadas são sua defesa para parecer mais legal e fugir da realidade de seus problemas; Eddie é criado por uma mãe hipocondríaca que o faz acreditar que ele está sempre correndo o risco de ficar doente e morrer e ser um garoto fragilizado; Stan é um garoto judeu e sofre preconceito por isso; Beverly sofre com os ataques violentos do pai e é frequentemente espancada por ele e quando adulta acaba se casando com um homem igualmente violento e abusivo; Mike é um garoto negro numa cidade racista, mas é o que tem a melhor relação com a família e Ben é o garoto gordo da turma porque sua mãe acha que ele só pode ser saudável se comer muito. Nos apegamos a cada um desses personagens porque eles são comuns, eles podem ser o filho do vizinho, o garotinho no supermercado ou talvez você tenha um primo com alguma dessas características.


"Seu medo já se fora, abandonara-o com a mesma facilidade do pesadelo que se encerra para o homem quando acorda, suando frio e ofegante, mas por fim livre; alguém que apalpa o corpo e olha em volta, certificando-se de que nada daquilo aconteceu, e que então começa rapidamente a esquecer tudo. Quando seus pés tocam o chão, metade do pavor já desapareceu; três quartos acabam quando ele sai do chuveiro e começa a enxugar-se; tudo lhe some da mente assim que termina o café-da-manhã. Tudo... até a próxima vez em que, nas garras do pesadelo, serão recordados os medos totais."


   O autor escreve cenas assustadoras, tragédias que aconteceram na cidade, como é o ciclo de matança da Coisa, como Derry foi colonizada e uma das minhas partes preferidas é quando o pai de Mike descreve um incêndio desastroso que matou dezenas de pessoas. A Coisa tem ligação com cada um desses acontecimentos.




   A Coisa assume a forma de palhaço porque isso atrai as crianças e elas são suas vítimas favoritas por possuírem mentes no ápice da criatividade e acreditarem que seus piores pesadelos podem se tornar realidade. Na batalha final a criatura assume outra forma, descrita como inimaginável mas é comparada com algo que conhecemos e a maioria sente repulsa, vou evitar revelar porque a surpresa fica por conta de quem for ler.
   Por fim, esse livro nos passa diversas mensagens e ensinamentos. Os personagens nos transmitem coragem, ousadia, personalidades fortes e bondade. Lemos também sobre amizade verdadeira, laços inquebráveis e companheirismo mesmo nos piores momentos. Eu recomendarei esse livro sempre!




 "Não precisamos olhar para trás a fim de vermos aquelas crianças; parte da mente as verá para sempre. Elas não são nossa melhor parte necessariamente, porém um dia foram o repositório de tudo em que poderíamos nos transformar." 





Um comentário:

  1. Um dos livros que ainda quero ler na vida, mas a edição está tão caraaaaaaaaaaaaaa, que ainda não comprei ehehehehehe, mas está na lista!

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